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terça-feira, 7 de outubro de 2014

Descobertas depois do sim

O casamento mudou o meu dicionário. Casa, diálogo, carinho, amor e tantas outras palavras ganharam novos significados depois que eu disse o maior SIM da minha vida. Muitos já haviam me contado sobre as mudanças, mas só sabe de verdade quem caminhou até o altar.

Eu descobri que minha casa é o melhor lugar do mundo. Eu já gostava da casa dos meus pais, do sítio da minha vó e das inúmeras repúblicas que morei (um pouco menos do que das demais). Porém, nada se compara ao meu apartamento. Às vezes até dispenso saídas para poder curtir mais o meu espaço. Vivo um caso de amor com o meu lar. Não me importo de passar os finais de semana na faxina e acho muitos sábados no sofá melhores do que em festas.
Tirar poeira, lavar banheiros, cozinhar... É muito diferente das escalas de limpeza das repúblicas ou do que minha mãe pedia para eu fazer. Tudo, antes, era quase que uma imposição, agora é uma forma de deixar minha casa ainda mais gostosa, seja com cheirinho de limpeza ou com o aroma de uma comidinha que acabei de aprender.

Isso sem falar nas compras para casa. Pode ser um jogo de copos, de cama ou um móvel lindo. Pode ter sido comprado na loja de R$ 1,99 ou no lugar mais caro da cidade, eu chego, coloco no lugar e vivo um eterno namoro com o novo item.

Dá gosto ver a casa ficar com a nossa cara aos poucos. Chego a ficar emocionada quando noto que meus cactos cresceram e com o desabrochar de uma flor, ainda mais porque muitas só nos presenteiam uma vez ao ano. Às vezes, é preciso regá-las todo dia para ter mais cor por menos de uma semana e isso basta.

E para ter paz no lar a gente aprende a conversar o tempo todo. Falar com o namorado e com o marido é bem diferente. Um casal de namorados não divide contas da casa, não escolhe um móvel juntos, pode ir embora quando um não está de bom humor e até inventar uma desculpa para não encontrá-lo. Marido e mulher não. Para dar certo só tem um jeito: saber conversar e até se calar.

O homem e a mulher vão chegar sem hora marcada. Um pode chegar estressado do trabalho, disposto a praguejar por horas. É preciso estar de ouvidos atentos ou pelo menos ser capaz de respeitar as lágrimas e o silêncio do outro quando o dia estiver pesado demais.

Carinho de casal que divide o mesmo teto, delícias e aborrecimentos também tem outro significado. Quando marcamos de ver o namorado nos arrumamos, temos todo tempo do mundo para ele durante o encontro. Marido não, está em casa todo dia e compartilha a pia de louça para lavar, as contas a vencer. Para as mulheres e homens que trabalham demais, como eu e meu marido, ainda é preciso entender o tempo do outro. Existem aqueles que não finalizam a jornada na sexta, 18h. É o caso do meu marido. Eu tenho home office, meu trabalho vai além do que faço na empresa. Passo inúmeros domingos no meu escritório ou na casa do meu pai e até em festas, sem ele por causa do expediente nos finais de semana.

Ser carinhoso com o par, em meio a tantas obrigações, nem sempre é fácil. Entretanto, é ainda mais necessário. A rotina não vai mudar, as tarefas vão continuar a ser suas. Mas um beijo, um toque, uma palavra doce nos deixam mais fortes para encarar o dia a dia, mais calmos e felizes.

E o amor eu descobri que é muito mais do que quando a gente namorava. E ele é posto a prova cotidianamente. Tem que continuar a ser gostoso na rotina e encontrar um espaço para nos surpreender de vez em quando. O melhor de tudo é que não é difícil ver que melhor que a sensação de quem acaba de se apaixonar é a liberdade que o amor nos traz com os dias. Saber que podemos ficar a vontade com o outro, com qualquer humor, com choro ou sorrisos, embriagados em uma festa ou sacudidos pela realidade da vida faz tudo valer a pena!

Casar é descobrir novos significados, não só para as palavras, mas para o que sentimos, para a vida.

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