Zinha, a mocinha da história |
O problema é que os filhos, também cheios de compromissos, não podem leva-lá em todos os lugares que ela quer ir. Bem, este é um problema deles, não dela. Zinha não tem medo de pedir carona na beira da estrada, se aventura nos ônibus e até na garupa de mototaxistas. E foi exatamente a carona com desconhecidos e a garupa de moto que preocupou os filhos. Noêmia, a filha mais brava, proibiu a forrozeira de pegar moto táxi.
“Tá bem minha filha, prometo que não faço isso mais, só vou de ônibus ou com gente conhecida”.
Mas Zinha não manteve a palavra. Um dia depois da proibição ela chegou atrasada na rodoviária. Ah, perder o forró de Nova Serrana é que ela não ia. E tinha outra coisa, a mais velha da história era ela e não os filhos, eram eles que deviam respeitá-la. Assim ela foi, se protegeu com o capacete, agarrou-se na cintura do motoqueiro e ainda teve o cuidado de passar os óculos para o mototaxista.
Zinha dançou a noite toda e fez questão de contar na manhã seguinte como a festa tinha sido animada. Ninguém duvidou da palavra da mãe, que afirmou, jurou de pés juntos, que tinha pegado o último ônibus para Nova Serrana.
Na verdade, chegou o dia do revide. Zinha já havia escutado inúmeras mentirinhas dos filhos. A maioria, como a que ela tinha contado, era inocente, só para poder se divertir mais, ficar na rua, brincando. Porém, a verdade não esperou nem o jantar. A mentira tinha pernas tão curtas quanto os óculos dela. Junto com o mototaxista a verdade encontrou Noêmia, por acaso, na rua.
“Ei dona, a senhora é filha da Zinha?”, perguntou mesmo já sabendo a resposta.
“Sou sim, por quê?”
“Entrega, por favor, esses óculos pra ela. Esqueceu comigo ontem, quando levei ela no Forró de Nova Serrana”.
A filha teve uma conversa com a mãe, daquelas que começam com “Êh, mãe!”. Zinha fez carinha triste, de arrependida, jurou que nunca mais iria montar em uma garupa de moto. E se ela fez isso de novo, desta vez ela tomou mais cuidado, nunca mais esqueceu nada com motoristas desconhecidos ou com quem pilotava a moto. A certeza que tenho mesmo é que ela continua, até hoje, a ir nos forrós e todas as outras festas com a mesma alegria de sempre.
“Ei dona, a senhora é filha da Zinha?”, perguntou mesmo já sabendo a resposta.
“Sou sim, por quê?”
“Entrega, por favor, esses óculos pra ela. Esqueceu comigo ontem, quando levei ela no Forró de Nova Serrana”.
A filha teve uma conversa com a mãe, daquelas que começam com “Êh, mãe!”. Zinha fez carinha triste, de arrependida, jurou que nunca mais iria montar em uma garupa de moto. E se ela fez isso de novo, desta vez ela tomou mais cuidado, nunca mais esqueceu nada com motoristas desconhecidos ou com quem pilotava a moto. A certeza que tenho mesmo é que ela continua, até hoje, a ir nos forrós e todas as outras festas com a mesma alegria de sempre.
Sobre o texto:
Contei este causo no projeto Nascente de Histórias. Quem estava no dia adorou, disseram até que queriam conhecer a Tia Zinha. Mas antes que alguém da família fique bravo comigo, quero esclarecer que apenas me baseei no que ouvi, me permiti criar a partir do que escutei algumas vezes, pois acho o episódio muito legal. Assim, sei que nem tudo aconteceu igual eu relatei.
2 comentários:
Já ouvi algumas histórias da Dona Zinha, uma fofa. 80 anos muito bem vividos. Não tenho dúvidas que ela aproveita a vida melhor que eu também não, rs..
E não é que é? Adoro as histórias das nossas tias e vós.
Postar um comentário