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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Minha paz nem sempre possível

Mãos e espíritos armados na esquina de uma Universidade, a espreita por uma “oportunidade”. O assalto que aconteceu comigo há aproximadamente quatro anos foi denominado no boletim de ocorrência assim, um crime oportunista. O meliante era o que todos chamam por aí de normal - tinha boa aparência, não levantaria nenhuma suspeita inicialmente.

Foi o episódio mais ameaçador que vivi. “Passa a bolsa, senão eu atiro”, disse o assaltante. Em menos de 10 segundos, que foram suficientes para eu pensar em toda minha vida, entreguei tudo. Documentos, cinquenta reais, dois livros, um celular mega ultrapassado, um ipod que era de outra pessoa e meu equilíbrio intestinal foram levados por aquele homem e um comparsa, fugiram de moto. Tudo bem, eu ainda estava viva.

Cheguei no Diretório Acadêmico da faculdade, o pessoal me aconselhou que eu efetuasse o procedimento mais comum, fosse a delegacia registrar o delito. Ainda trêmula relatei tudo que havia ocorrido para o policial, no final ele me disse: “Nossa, você é a vítima mais calma que já passou por aqui”. Não era a primeira vez que ouvia esse tipo de comentário, consideram-me serena, daquelas que nada tira do sério.

Na verdade, o que acontece é que pode até ser que a importância que dou a acontecimentos que tirariam qualquer um do sério seja menor, mas não é nula. É verdade também que não sou de brigas e procuro evitar aborrecimentos ao máximo, falatórios ou qualquer outro tipo de chateação.

Uma vantagem? Às vezes sim, às vezes não. Já fui personagem de conflitos homéricos em repúblicas (nas quais vivo há anos), com familiares e até colegas. Claro, isso depois de tempos sem manifestar nenhum tipo de reação ao que me incomodava. Em uma auto reflexão rápida penso que as pessoas podem mudar e desta forma, deixar de me incomodar. No entanto, quando isso não acontece, o estrago é grande. Uma alma que estava até então desarmada lança mão de tudo que está a seu alcance.

Tá, minha raiva se esvai rapidamente, costumo dizer que até mesmo na urina, na primeira vez que vou ao banheiro depois de um desentendimento. A mágoa passa, porém ainda há muito o que reparar. A consciência pede que eu faça pedidos de desculpa por mais certa que eu esteja. Afinal, não tenho o direito de levantar a voz, dizer palavras grosseiras por mais verdadeiras que sejam.

Espírito desarmado de novo, mãos livres para fazer o que eu que é certo, um rosto plácido mesmo se eu for contrariada. Não sei se isso é mesmo o comportamento mais correto, sei que é o único jeito que consigo viver.

2 comentários:

George Mota disse...

Adorei o texto! Todos deveriam ter um pouco de espirito desarmado, a vida ia ser muito mais light.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.