Costumo dizer que sou uma jornalista perdida entre leads, versos e bytes. Esta (in)definição faz todo sentido. Roberto Pompeu de Toledo, também jornalista, afirmou, na Bienal do Livro de Minas, que o jornalismo é "o desaguador das vocações (in)definidas". Tive que concordar. Escolhi a profissão assim que aprendi o alfabeto, mas dizia que seria escritora de revista. Fui. Dei um jeito de colocar um texto bem mais poético do que jornalístico em uma matéria. Também vi vários amigos seguirem por caminhos próximos do jornalismo, mas sem serem jornalistas propriamente ditos.
Nesse início de caminhada profissional me tornei analista de mídias sociais sem ter planejado nada. Fiquei apaixonada pela área, com sede de conhecer o assunto. Usei o que aprendi de publicidade e relações públicas nos jobs que desenvolvi até. Posso dizer que a minha formação em comunicação integrada, mais desaguadora de vocações (in)definidas ainda, ajudou bastante. A prática fez amadurecer os conceitos acadêmicos que eu imaginava que seriam pouco usados por mim como jornalista.
Apesar de estar de flerte, ou melhor, com um relacionamento seríssimo com a área digital, às vezes não encontro o espaço suficiente nas redes sociais. Quero contar histórias. Daí, nem o lead, que diz de maneira direta e resumida o que importa saber consegue dizer. Novamente me vejo escritora de blogs, revistas, jornais. Não quero obedecer padrões, quero poder contar do meu jeito, livre de técnicas, como a lavadeira no rio ou a senhora que vê as tardes passarem sentada em um banco de praça. Assim eu faço, quando as linhas me permitem. Depois volto a ser jornalista e posso afirmar: com o mesmo prazer e amor que escrevi meus versos. O melhor de poder me perder em vocações é saber que qualquer caminho que eu tenha que pegar de volta irá me parecer bom, só depende da necessidade do momento, me defino na indefinição dos quereres.
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