Águas de Março, a 2ª canção no ranking de essenciais da MPB segundo a revista "Bravo!" é tida por alguns críticos como plágio. Particularmente não acredito que a obra de Jobim seja uma cópia e se for escutarei da mesma forma, pois como releitura não deixa de ser linda.
Ao conhecer essa polêmica lembrei de um episódio de minha vida. Ainda no ensino médio mostrei um poema a uma colega de sala, a menina devolveu o papel com o comentário:
"Lindo poema, uma mistura de Kafka e Cecília Meireles".
Até então eu não conhecia o escritor, quanto à Cecília senti-me lisongeada! Acredito que assemelhar-se com outra linha, ter influências não seja nada vergonhoso. Acontece de maneira natural, eu por exemplo não penso em seguir algo quando escrevo, mas naturalmente trago em tudo que faço vestígios do vi, ouvi, li ou uma experiência semelhante ao que Kafka tenha vivido, pelo menos foi a única explicação que encontrei para o comentário sobre meu poema.
Somos mosaicos dos instantes vividos, o verso de um, a canção do outro e no fim um temos um todo diferenciado com um toque que ninguém viu antes. Releituras? Definitivamente não! Construções infinitas que se assemelham e ao mesmo tempo diferenciam-se nos seus fragmentos.
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